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sexta-feira, 15 de março de 2013

Figura frígida de sangue quente (J.P. Costa)


O ser humano é uma figura incrível. Parado, deitado, sentado, de pé ou em qualquer outra forma de “estar”. Às vezes ele precisa dar cabeçadas para achar o verdadeiro caminho, dar com a cara contra a parede. Mas as coisas são assim mesmo, vivemos em uma corda bamba, caímos e levantamos nunca estáveis e sempre instáveis. Ninguém vai falar que é assim, descobrimos sozinhos. As alegrias também existem e fazem parte desta esfera de viver, deste mundo em que sentimos e raciocinamos, que vivemos sem pedir e morremos num efeito surpresa. 




Aprendemos que a frase “faz parte da vida” é a eminencia do dia a dia, uma variável relutância que vai de sorrir a chorar. O ego incompleto é a razão da vida de muitos que buscam a completude do seu próprio ser... Amar não é estar completo, mas sim um aprendizado diário, um carecer de carinho, de doação de convivência... Mas no fim você sempre diz “o outro me completa.”.




Ousar é parcela de uma vida, arriscar muitas vezes incorre muito mais que um simples abrir mão. Pode ser difícil num primeiro momento aceitar que deixaremos algo de lado por outro, muitas vezes por viver apenas ao lado de uma pessoa. Isso não é ruim, mas quando se arruína e se perde no vácuo, no rarefeito disperso, vemos o quanto deixamos de lado, e aquele carinho, aquele amor se perde, assim como apagar as luzes do quarto antes de dormir, infelizmente demoram em acender de novo. E nesse vai e vem de águas, aparece alguém novo, diferente que também passou pelas mesmas desilusões. Reergue você, te dá pilares de sustentação. Mostra o quanto ainda é possível, afinal ela passou pelo que passou, e procura o que você procura e te encontra em timidez e aos poucos o maestro salta de um piano ao crescendo da partitura, em um solo que te leva a viver em um novo tom e põe ritmo, harmonia e sintonia, o disco vira e toca uma nova melodia.




E entre melodias, as tragédias e comédias surgem, a vida se torna o drama, protagonizamos uma nova história escrita com tinta-sangue, molhadas do tinteiro que viram palavras furtivas que nos roubam as emoções.



Tem gente que nem vive tudo isso, apenas escreve com tanta indecisão que passa a viver em incertezas definições, escolhendo a dedo cada passo, regrado até os dentes, arma, escudo, murado de pedras e cercado por uma personalidade que não é sua, para ser aceito em um teatro em que os grandes brincam com as pessoas, com seus sentimentos. Se deixando ser vestidos de fantoches que fazem vexatória da própria carne... 

Um mero escárnio de si mesmo.



E existem aqueles meio termos, com “pé no chão” e cabeça nas nuvens, alienado do mundo, somos escritores.

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