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segunda-feira, 14 de julho de 2014

O Príncipe dos Espinhos - Resenha

O meu maior desafio esta sendo voltar para a rede, depois de um tempo de certa forma razoável, resenhando é claro, o meu livro predileto sobre fantasia para o ano de 2013. Sim, esse livro veio pela DarkSiteBook em 2013. Comprei em uma viagem para São Paulo na minha primeira visita à Livraria Cultura. Bem, além de fatores pessoais que já me fizeram um convite mais que especial para a leitura de Prince Of Thorns, Mark Lawrence definitivamente soube juntar medo, sangue, fantasia, e muita dose de filosofia em uma mescla de ficção e realidade que transforma a leitura muito agradável e sinceramente repugnante em algumas ocasiões. Mas não vou dizer todos os fatores que realmente fizeram a leitura do livro algo realmente especial. Não agora. Dividi essa leitura em três etapas, digo isso porque essa é a primeira e vou registrar aqui quais foram as primeiras impressões dessa fabulosa história.
      Quando peguei o livro na sua estante, me fascinei pelo estilo personalizado dos livros dessa editora. Primeiramente a DarkSideBooks trouxe o ar das capas duras para o mercado. Isso faz, pelo menos para mim, dar mais vontade de ver e navegar em seu conteúdo literário. Tenho poucos livros de capa dura. Poucos mesmo. E todos são mais velhos que muito guaraná com rolha, e em sua maioria são jurídicos. Quando folheei percebi que a forma de construir o conteúdo do livro a disposição enche os olhos de qualquer pessoa. Os capítulos estão bem definidos, você sabe muito bem quando termina e quando começa. Além disso suas páginas dividem o conteúdo da narrativa, assim o autor coloca breves citações intercaladas entre os capítulos, como se fossem pequenos conteúdos adicionais. Conteúdos que enriquecem a leitura fazendo com que enquanto você lê a citação você encerra por completo a ideia do capítulo anterior.
        Os assuntos são feitos em feedback, ou seja, momentos da leitura são lembrados em eventos futuros como por exemplo a morte do tutor de Jorg. Enquanto lia a cena deles nas masmorras de tortura, Lundist, tutor de Jorg, após a morte de sua mãe e seu irmão, estava tremendo de angustia por frequentar e ver que uma criança presenciava carrascos torturando o Nubano nas celas. Bem, para Jorg o seu tutor morreu naquela ocasião, acontece que na verdade o senhor de experiência lúdica e de defeitos sadios a ponto de descuidar das pretensões malignas de uma criança de dez anos, acaba sendo lançado nas masmorras pelo pai de Jorg, e assim executado após um tempo por não ser prudente e ter caído nas garras de uma criança.
       
Os espinhos são fator importante para toda a narrativa. Não é atoa o nome deste trabalho de Mark Lawrence. Assim falaremos dele. Spoiler: Jorg cai na roseira brava na mesma ocasião da morte de sua mãe e de seu pequeno irmão a mando do Conde Renar, assim acredito que os espinhos marcam a ocasião. Jorg é levado para os cuidados do castelo depois de ser encontrado, mas o fato mais cruel é que os espinhos da roseira entranham em sua pele e se alojam em seu corpo. Ao longo do livro, quando sente as dores da roseira brava, Jorg alimenta o desejo de vingar-se da morte, assim como também os mesmo mostram como nosso protagonista amadurece ao longo da história. Se Jorg não amadurecesse não seria nunca em sua vida Rei aos quinze. Mas como pode notar que a cada passo Jorg está próximo de seu desejo almejado? A resposta reside na inexistência do sentimento de dor. Ao longo da narrativa os trechos em que Jorg sente a dor da lembrança diminuem, e o ponto que marca isso na história é o encontro com o feiticeiro dos sonhos. Sim amigo leitor Sageous, “um sujeito baixinho de vestes brancas” o mesmo que Jorg acreditava ser peça importante para “se guardar nos bolsos”. Pois é amigo, naquele instante acredito que o nosso antagonista que se fantasia de garoto de ambições se vê nas mãos de uma feitiçaria, mas é a contribuição de Sageous que marca de fato o momento em que Jorg deixa de precisar das lembranças da morte de sua família. A forma que esse personagem contribui é a simples situação de fazer com que Jorg crie novas ambições que não tornem-se mais necessárias as realidades da vingança, mas na verdade a pura maldade de um jogo de tronos. Ele percebe que existe uma força superior para comandar de fato esse jogo, decide assim que esse poder poderia ser experimentado por ele. Sua cede agora não é vingar-se, mas tornar-se algo que vai além de um prodígio que pensa como adulto, mas um verdadeiro rei, e um dia um grande imperador de todas as terras. Ancrath passa a ser apenas Ancrath. Um lugar de lembranças mortas por pelo menos boa parte da história. Destruir o Castelo Vermelho para mim abre o terceiro momento do livro. Bem, recapitulando disse que essa resenha traria para nós uma percepção de cerca de três etapas. Disse também que faria três postagens, mas descobri que não vou conseguir deixar para outros post’s o assunto deste livro. Ao partir para o Castelo Vermelho, sua irmandade esta cansada, podemos perceber isso quando pelo fato de chegar a corte apenas Jorg e o cavaleiro Makin são levados para a Cidade Alta e em meio a nobreza de Ancrath. E os demais? Sim os outros inescrupulosos compositores da chegada de Jorg ao seu destino cruel? Estes acabam por ir a tabernas, prostíbulos e lugares de gente grande. Sim, porquê não gastar o dinheiro acumulado dos saques e das destruições desde o pântano? Nas não era bem isso eu eles queriam. Será mesmo que eles seguiam a Jorg ou apenas às suas ambições? Responderia dizendo que as ambições de Jorg eram grandiosas e eles ficavam com os remanescentes, ou seja, a criança de quatorze anos, enquanto fazia o caminho de volta para a casa alimentava a sua prole de assassinos e mal feitores da pior espécie com esmolas que a estrada poderia favorecer aos irmãos: peças de prata, armaduras de cavaleiros abatidos, algum aço dos Construtores, uma puta, um saco de putos, uma garota jovem filha de um padeiro ou coisa assim. Enfim leitor, coisas que um homem amoral gosta de fazer. Muito embora não era isso que muitos estavam esperando. Seguir Jorg estava indo tudo muito bem, até que esse seguir começou a levar os irmãos para lugares meio desafiadores. O encontro com as Leucrotas, após Coddin ser posto no comando da Guarda da Floresta de seu pai. Sinceramente, e pessoalmente é claro, a partir desse momento eu comecei a perceber que o misticismo e a fantasia seria posta em desafio para o autor, não digo que seria um desafio difícil, longe disso. Digo que neste momento Mark usou de todos os seus conteúdos de fantasia acumulados nos próximos capítulos. A figura de Gorgoth, é muito incrível, sua descrição me fez lembrar da figura grotesca da fera sexual de Neonomicon, tirando a parte sexual que não convém a Gorgoth, mas toda a parte de suas descrições físicas e corporais repugnantes e grotescas. Permita-me dizer, que também me lembrei de certa forma dos sapos que o personagem Renck de A Caverna do Dragão se transforma no episódio da fabulosa cachoeira invertida. A parte do medo, descartável. Não consigo de maneira nenhuma despertar medo em mim se caso conhecesse Jorg, muito pelo contrario, teria uma admiração por sua perversidade assombrosa, sua desolação de personalidade me lembra o personagem Coringa de O Cavaleiro das Trevas, a ironia de se fazer a maldade esta presente, mas ao mesmo tempo não é por uma mera paixão psicótica, mas seria por mais uma destruição de obstáculos necessários para se almejar o destino, mas eu nunca faria como ele, tenho estomago exacerbadamente fraco para ser mal como ele, e apesar de não concordar com essa maldade, não iria buscar as suas desculpas assim como o próprio Honório sugere na ultima frase dessa opera literária.
     

Ponto importante a ressaltar: Os Construtores. Quem são? De onde são? Para que vieram? O que deixaram para nós? O que fizeram e estamos ainda sem saber? Por mais que eu tenha lido e relido algumas frases em que esses “caras” eram mencionados, não compreendi ainda para poder responder isso para ti, leitor. Diria que são como homens antigos, como as lendas e as verdades da adoração das estrelas, como o místico dos Maias, dos Astecas, dos Egípcios, e de suas construções, porque não Construtores. Porque não lembrar do filme Prometeus que me deixou com uma pulga do tamanho de uma verruga da Senhora Mc Fee. Seriam os Construtores de a Trilogia dos Espinhos, os criadores de nós, humanos e de todos os mistérios que nem mesmo os filósofos podem nos trazer a resposta. A todo o momento frases filosóficas e pensamentos da mescla entre real e imaginário são acoplados nesse trabalho. Isso demonstra que Jorg é culto e assim mostra o porquê dos irmãos de estrada o seguirem, afinal além das doses de maldade e do prazer por sangrias, Jorg tem as doses de um bom amante dos livros. Assim, é possível que os filósofos de certa forma se ligam aos Construtores da ficção, ou seja, se ligam com eles de certa forma que faz com que esse ponto de intersecção se verifique pelo fato de serem de inteligência tão mística quanto a dos Construtores. 
        E os algozes? Bem, Jesus cristo também me faz lembrança no meio desse reboliço, diria apenas que o legado é completamente distinto do de Honório Jorg Ancrath.

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