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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Editora tera de retirar seus Livros para correção gramatical

Os representantes da Editora Ética, empresa que vendeu livros com erros ortográficos e de conteúdo tido como racistas pelo movimento negro local, estiveram em Londrina na manhã desta quarta-feira (13) para prestar esclarecimentos. O procurador jurídico da editora, Antonio Victor Leal, propôs que o livro seja reeditado, assessorado por integrantes dos movimentos étnicos do município, e que todo o processo de republicação e redistribuição seja pago pela Ética.

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Ele afirmou que a editora refuta a ideia de que o material seja racista, mas confirma que existem erros ortográficos e "conceituais". No último dia 6, o Ministério Público pediu à Secretaria Municipal de Educação que recolhesse os 13.500 exemplares da coleção "Vivenciando a Cultura Afro-brasileira e Indígena", com a alegação de que o conteúdo era preconceituoso. O material foi comprado por R$ 600 mil e havia sido distribuído às escolas municipais, por causa da lei que obriga o ensino de cultura afro-brasileira e indígena em sala de aula.

Os livros seriam usados pelos 2.800 professores da rede municipal nas aulas, mas o material não foi considerado adequado. Em uma coletiva no último dia 8, a secretária municipal da Educação, Karen Sabec Viana, disse que os livros haviam sido trocados. O município tinha pedido a coleção "História e Cultura Afro-brasileira e Indígena" e chegou a "Vivenciando a Cultura Afro-brasileira e Indígena".

O assessor jurídico da Editora Ética, Antonio Victor Leal, afimou que existe a possibilidade de que o vendedor tenha se equivocado e tenha pedido os livros errados. Ele garantiu que uma investigação interna está sendo realizada para apurar o possível engano e que todos serão avisados do resultado da sindicância. Ele não soube dizer se a Secretaria Municipal de Educação fez uma análise do livro, assim como Karen Sabec Viana não conseguiu explicar o porquê de ninguém ter percebido o erro no momento da chegada dos exemplares.

Leal disse que o conteúdo de ambas as coleções é parecido, mas o "História e Cultura Afro-brasileira e Indígena" tem uma abordagem mais regional, focada na cultura nordestina. O material já foi vendido para municípios de estados como o Maranhão, Goiás, Piauí e Tocantins. Já o "Vivenciando a Cultura Afro-brasileira e Indígena", que trata do tema de maneira geral, foi comprado por cerca de 40 municípios em todo o Brasil, mas os livros nunca tinham sido avaliados como racistas.

A pedagoga e consultora técnica da Editora Ética, Jacy Ribeiro de Proença, disse que os erros ortográficos dos livros já haviam sido comunicados e que as novas edições já saíriam corrigidas. Ela acredita os conteúdos chamados de preconceituosos são diferenças conceituais e que existem tipos de abordagens que são chocantes, mas não pôde negar que o material precisa ser reformulado.

"São formas didáticas e possíveis de se abordar a temática. Eu particularmente parto do presuposto que pra gente ajudar na construção de identidade positiva da população negra e indígena, necessariamente não precisamos utilizar inclusive de imagens que submetam essa população a uma condição de subalternidade e humilhação", comentou.

Os livros ainda apresentavam citações da Wikipedia, enciclopédia virtual que não tem credibilidade para pesquisas oficias. A pedagoga disse que a consulta na internet vem sendo usada cada vez mais para pesquisas e afirmou que os autores dos livros são pessoas de credibilidade, alguns professores universitários, atuantes no movimento negro e indígena.

Jacy deve comandar o grupo de reedição do livro se a prefeitura decidir aceitar a proposta da editora. Ela disse que a parte de conteúdo e gramatical pode ser arrumada em até 10 dias se o grupo trabalhar com dedicação exclusiva. Caso a Secretaria Municipal de Educação não quiser os livros corrigidos, a editora disse que devolverá o dinheiro, mas não crê nessa hipótese.

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